Minha vida nem sempre foi suco verde e yoga.

Houve um tempo (muito tempo) em que eu vivia doente, cansada, sem energia. Desde criança tinha baixa imunidade, infecções de garganta que demandavam uso de antiobióticos várias vezes ao ano, rinite crônica (que me incomodava todos os dias, desde o despertar, e que já não melhorava com nenhum tipo de antialérgico — com o uso diário contínuo, eles deixaram de fazer efeito). Muitas vezes, esse quadro progredia para sinusite, que era contida com mais antibióticos. Desenvolvi uma dermatite atópica, um tipo de alergia de pele em regiões do meu corpo que me deixava desesperada de tanta coceira e vermelhidão, e que foi se espalhando e piorando cada vez mais, só controlada com uso de corticoides.

Nessa época, meu desjejum costumava ser: leite desnatado com achocolatado, seguido de uma coca-cola zero no lanche para “dar uma despertada”. Sempre tinha um chocolate após o almoço. Passava muitas noites em claro estudando ou fazendo plantões e, aos 22 anos, me encontrava 10 kg acima do peso, com níveis de colesterol elevados, um cansaço interminável que me fazia pensar na hora de voltar para a cama (mesmo antes de sair dela).

Só queria dormir.

Depois descobri que a angústia, o medo e a inquietude eram, na verdade, ansiedade. E, a cada mês, sentia um peso incapacitante e muita dor ao receber minha menstruação. Para seguir a rotina, contava com o uso de medicações para cólica enquanto lidava com a frustração de não poder realizar minhas atividades com energia e satisfação.

(Hoje entendo que, para mim, o pior de tudo era me sentir em profunda desconexão comigo mesma e insatisfeita com a minha auto-imagem, como se estivesse ocupando mais espaço no mundo do que deveria.)

Com o término de uma relação tóxica em minha vida, decidi que queria mudar. Foi quando fiz minha primeira aula de yoga, um divisor de águas: a partir daí, iniciou-se uma transformação profunda na forma com que eu percebia a mim mesma, o universo ao meu redor e como desejava estar nele.

Através das práticas de yoga e meditação, tive a experiência direta do que significa a palavra equilíbrio. Compreendi que todas as minhas condições anteriores eram sinais do meu próprio corpo me avisando que eu estava em desequilíbrio — e essa transformação avançou na medida que eu trazia um olhar atento para minha alimentação. Comecei a estudar a medicina ayurvédica e, quanto mais eu aprendia sobre alimentação natural, integral e baseada em plantas, mais conhecia o potencial medicinal desses alimentos e mais clara ficava a importância de fazer escolhas inteligentes.

A minha paixão por alimentos a base de plantas cresceu rapidamente enquanto eu testemunhava mudanças enormes em como me sentia com o meu corpo, mente e essência. Meus níveis de energia aumentaram consideravelmente e acordar cedo já não era uma tortura. Parei de consumir lácteos quando descobri que era intolerante a eles e que a rinite era causada por isso, e associei acupuntura e óleos essenciais ao meu tratamento. Minha imunidade se fortaleceu e já nem lembro mais da última vez em que tomei antiobióticos. Eliminei cosméticos e produtos tóxicos da minha rotina e a dermatite desapareceu. Transformei minha alimentação, perdi 10 kg de peso, com conhecimento e determinação. Com o passar do tempo, a ansiedade foi reduzindo e a alegria se tornou mais presente.

Hoje, compartilho minha jornada com o objetivo de inspirar e mostrar que é possível mudar. Pequenos ajustes em nossos hábitos diários podem trazer grandes resultados. Minha motivação é compartilhar que a alimentação saudável vai além de só comer saladas; é sobre colorir o prato com alimentos nutritivos e cheios de vida, e incluir rituais que trazem harmonia ao dia a dia. Organizei minha rotina para priorizar cozinhar minha própria comida (e adoro!). Acredito que, com ferramentas acessíveis e prazerosas, todas nós podemos alcançar mais autonomia em nossa saúde para evitar desequilíbrios, cultivando uma vida mais plena e consciente.